Ideias

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terça-feira, 24 de junho de 2014

As festas dos santos populares

As festas dos santos populares

São joão em  Almada


As festas dos santos populares são uma celebração  portuguesa. 
Historicamente, está relacionada com a festa pagã do solstício de verão, que era celebrada no dia 24 de Junho, segundo o calendário Juliano (pré-gregoriano) e cristianizada na Idade Média como "festa de São João".

Santo António (13 de junho)
São João (24 de junho)                                                
São Pedro (29 de junho)

Estas festas são conhecidas pelo nome de santos populares e correspondem a diferentes feriados municipais: Santo António, em Lisboa, São João em Almada, no Porto e em Braga, São Pedro no Seixal.

As festas de São João são ainda celebradas também em alguns países europeus católicos, protestantes e ortodoxos (França, Irlanda, os países nórdicos e do Leste europeu).





Também se realiza na cidade de Almada a procissão em honra do seu padroeiro, São João Baptista. Esta é uma procissão com muita tradição na cidade, com um cortejo de fé desde a Igreja de Santiago até à capela da Ramada. A imagem, depois de «pernoitar» dentro do pequeno templo, volta ao local  de origem trazendo uma coroa de frutos, associando esta celebração com a fertilidade agrícola da região (tradição mantida até aos nossos dias) onde irá permanece durante o ano.













O local onde ocorre a maioria das festas é chamado de arraial, um largo espaço ao ar livre cercado ou não e onde são erguidas barraquinhas unicamente para o evento, ou um espaço já existentes com dependências já construídas e adaptadas para a festa. Geralmente o arraial é decorado com bandeirinhas de papel colorido e balões.






  Almada tem a tradição das marchas nestas festas, onde participam várias associações. 
As marchas são uma vivência e demonstração de valores, costumes e práticas culturais que vão passando de/por gerações, com toques de criatividade e de modernidade.


                          


Estes festejos são um modo diversificado, da participação cívica e de forte interiorização e manifestação culturais através de várias associações e culturas.


Nas marchas, há grupos que se destacam, onde se percebe que têm como objectivo a vitória, em nome de um bairrismo, que não deixa de ser salutar.




Actualmente, os festejos dão um certo impulso à economia local, principalmente a restauração.








A festa culmina com um belo espectáculo de fogo-de-artifício.

Fontes de pesquisa: Wikipédia, sítio da C. M. A.          

quinta-feira, 12 de junho de 2014

A história do livro

A história do livro








A palavra livro provém do latim liber, um termo relacionado com a cortiça da árvore. Um livro é um conjunto de folhas de papel ou de qualquer outro material semelhante que, uma vez encadernadas, formam um volume.


De acordo com a UNESCO, um livro deve conter pelo menos 50 folhas. Caso contrário, é considerado um folheto. Convém destacar, de qualquer forma, que existem os livros digitais (os e-books que, em vez de folhas, têm arquivos para ler num computador ou qualquer dispositivo electrónico específico) e os livros áudio (o registo de alguém a ler, de modo a que o livro seja acessível para as pessoas invisuais, por exemplo).
O livro é uma ferramenta de transmissão de conhecimento.




Todos nós acompanhamos na escola, em História, o crescimento das grandes civilizações e o desenvolver da Humanidade, portanto, não é novidade que a invenção da escrita foi um dos maiores passos do Homem. Ajudou a desenvolver toda uma complexa sociedade, nomeadamente com registos históricos, religiosos, científicos e claro, com o florescer da Literatura.

Falar desta evolução é falar de evolução social, cultural e até geográfica, e como tal a história do Livro está directamente ligada à história da Humanidade.

Na civilização mais antiga da Humanidade, a Suméria, o livro era um tijolo de barro cozido, argila ou pedra, com textos gravados ou cunhados. Esse tipo de escrita é datado de 3500 anos A.C. e é o primeiro registo humano de escrita.

A evolução deste registo deu-se no Egipto com os rolos de papiro que chegavam a vinte metros de comprimento, escritos com hieróglifos. O termo hieróglifo advém da união de duas palavras gregas: hierós (sagrado) e glyphós (escrita), desde logo uma adoração às palavras.












Os indianos faziam livros de folhas de palmeiras. Os maias e os astecas em forma de sanfona, de um material existente entre a casca das árvores e de madeira. Os chineses, por sua vez, utilizavam rolos de seda para fazer os livros e os romanos escreviam em tábuas de madeira cobertas com cera.


                                    






Com o surgimento do pergaminho, feito geralmente de pele de carneiro, tornou-se possível o fabrico de livros como os que hoje conhecemos, contudo diferentes dos actuais no tamanho, pois eram enormes, e caros, pois necessitavam da pele de vários animais.


 



                                         



 Mais tarde, embora conhecido há muito tempo na China, o papel chega à Europa e com o invento da prensa de Gutenberg, o livro impresso, feito de papéis costurados e posteriormente encapados, torna-se realidade. Com essa invenção foi possível fazer vários exemplares dum mesmo livro a um preço acessível, popularizando e democratizando a leitura.













Voltando à Europa e aos suportes mais rígidos, tábuas de madeira revestidas de cera eram utilizadas na Roma Antiga para anotações quotidianas, com a vantagem de poder ser apagada, simplesmente raspando a camada de cera escrita e substituindo por uma nova camada lisa. Nas chamadas tábulas se escreviam com uma espécie de estilete ou marcador de ponta fina.

  
No entanto, a história do livro continua. Desde a antiguidade, o registo da escrita é acompanhado pela religiosidade e pelos privilégios daqueles que de alguma forma mantinham a sociedade sob controle. Isto levou a censuras, como o Index, da Igreja Católica, e a muitas outras Listas de Livros Proibidos.










Adorados desde a antiguidade, hoje em dia a evolução continua a dar-se. E-books e audio books são cada vez mais comuns e nenhum de nós sabe até onde a história do livro irá. O essencial é que este importante e mágico objecto continue a fazer parte da história da Humanidade, influenciando-a e adaptando-se a ela.


quarta-feira, 11 de junho de 2014

Um peixe na sala

Um peixe na sala

- Não gosto nada que olhem para mim - dizia o peixinho vermelho com riscas azuis, que morava no aquário.
Era um grande globo de vidro, enfeitado com algas, umas verdadeiras, outras a fingir, e estava, em lugar de destaque, na sala da tia Elisa.
Quem ia fazer uma visita à tia Elisa dava sempre uma mirada ao peixinho, que revolteava na água, muito enervado.
- Detesto que me observem - dizia o peixe. - Se as pessoas vivessem em aquários também não gostavam que andassem a espreitar para dentro das casas delas.
E o peixinho tentava esconder-se por trás de umas algas, mas sem nenhum êxito. Ou sobrava cauda ou sobrava cabeça.
A tia Elisa, que era uma simpática velhinha, cuidava dele com todo o desvelo. O peixe conhecia-a bem e agradava-se das suas atenções. Era, aliás, a única pessoa que ele tolerava.
Mas a tia Elisa adoeceu. Doença grave. Vieram os médicos, parentes e amigos, que passaram a falar em voz baixa na sala de visitas, com ar muito preocupado. A única coisa que lhes atenuava a preocupação era o peixinho vermelho com riscas azuis, revolteando, alegre e indiferente, no meio do seu globo de vidro. Alegre e indiferente, julgavam eles, porque o peixinho não parava de queixar-se:
- Embirro que olhem para mim. Esta gente toda não tem mais nada que fazer senão postar-se, de olhos arregalados, diante do meu aquário?
Uma dessas pessoas, que distraidamente observava o peixe, teve o seguinte desabafo:
- Não sei quem vai cuidar do peixe, quando a tia Elisa desaparecer.
Para o peixe, a tia Elisa há muito que tinha desaparecido. Desde que adoecera. Quem lhe polvilhava a superfície da água com a ração diária de comida era uma empregada, mas sem as gentilezas da tia Elisa. O peixe sentia a diferença.
Até que, um dia, a tia Elisa morreu. Ficou a sala que tempos sem visitas, de cortinas descidas, portadas cerradas. Mas o peixe sentiu-se mais aliviado.
Entretanto, vieram os sobrinhos para desfazer a casa.
- Quem quer ficar com o peixe do aquário? - perguntou um deles.
Nenhum queria.
- Deita-se o peixe para o tanque do quintal - decidiu um e os outros concordaram.
O peixinho vermelho com riscas azuis foi parar a um tanque de águas profundas. Podia nadar à vontade, pelo meio das sombras e dos lodos, que já ninguém o via.
Foi então e só então que o peixe vermelho começou a sentir saudades do tempo em que todos olhavam para ele.

António Torrado

terça-feira, 10 de junho de 2014

Dia de Portugal

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas


As origens do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades remontam ao início do século XX (1924). O Dia de Camões começou a ser festejado a nível nacional com o Estado Novo (um regime instituído em Portugal por António de Oliveira Salazar, em 1933).






Porquê Dia de Portugal e de Camões?
 
Segundo Conceição Meireles (investigadora especialista em História Contemporânea de Portugal) Camões representava o génio da pátria, representava Portugal na sua dimensão mais esplendorosa e mais genial. O feriado em honra de Camões (um dos símbolos da Nação) passou a ser a 10 de Junho uma vez que esta data foi apontada como sendo a da morte do poeta que escreveu "Os Lusíadas".

Porquê Dia das Comunidades?

Até ao 25 de Abril de 1974, o 10 de Junho era conhecido como o Dia de Camões, de Portugal e da Raça. Oliveira Salazar, na inauguração do Estádio Nacional em 1944, tinha denominado também o dia 10 de Junho como o Dia da Raça em memória das vítimas da guerra colonial. 

A partir de 1963, o feriado do 10 de Junho assumiu-se como uma homenagem às Forças Armadas e numa exaltação da guerra e do poder colonial. A segunda republica não se revê neste feriado, pelo que, em 1978, o converte em Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.


                    



10 de Junho

 

  • Sabias que Luís de Camões morreu neste dia em 1580?
  • É a razão de este ser o Dia de Portugal, chamado oficialmente Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
  • Este poeta foi uma das pessoas que mais elogiou as aventuras heroicas dos nossos antepassados! Ele próprio era um grande aventureiro!
  • Sabias que, há bastantes anos, o 10 de Junho era chamado o «Dia da Raça»? «Raça» lusitana, ou seja, todos os que são portugueses, tanto os que estão em Portugal como os que vivem por todo o mundo!
  • Nessa época falava-se muito de heroísmo e orgulho na nação. Na justa medida, são elementos importantes para manter uma cultura e um sentimento patriótico.
  • Mas repara: patriotismo não se deve confundir com nacionalismo. Neste último, os sentimentos positivos de pertença a um país (patriotismo) tornam-se negativos e o acha-se que o próprio país é «superior» a todos os outros... Isso pode ser mau.
  • Bom, e agora outra questão:
    Sabias que a nossa língua é a 7ª mais falada do mundo? E olha que existem milhares de línguas e dialectos!
  • Mas não é só Camões que representa o nosso país. Existem outros símbolos que nos representam e que também têm história:
    - a bandeira nacional;
    - o hino nacional;
    - a moeda nacional (até à chegada do euro);
    - e a língua portuguesa! 


Fonte: http://www.junior.te.pt

domingo, 8 de junho de 2014

Na idade dos porquês

Na idade dos porquês
                                                      Alice Gomes (1946)
 
 
 
Professor diz-me porquê?
Por que voa o papagaio
que solto no ar
que vejo voar
tão alto no vento
que o meu pensamento
não pode alcançar?
 
Professor diz-me porquê?
Por que roda o meu pião?
Ele não tem nenhuma roda
E roda  gira rodopia
e cai morto no chão...
 
Tenho nove anos professor
e há tanto  mistério à minha roda
que eu queria desvendar!
Por que é que o céu é azul?
Por que é que marulha o mar?
Porquê?
Tanto porquê que eu queria saber!
E tu que não me queres responder!
 
Tu falas falas  professor
daquilo que te interessa
e que a mim não interessa.
Tu obrigas-me a ouvir
quando eu quero falar.
Obrigas-me a dizer
quando eu quero escutar.
Se eu vou a descobrir
Fazes-me decorar.
 
É a luta professor
a luta em vez de amor.
 
Eu sou uma criança.
Tu és mais alto
mais forte
mais poderoso.
E a minha lança
quebra-se de encontro à tua muralha.
 
Mas
enquanto a tua voz zangada ralha
tu sabes    professor
eu fecho-me por dentro
faço uma cara resignada
e finjo
finjo que não penso em nada.
 
Mas penso.
Penso em como era engraçada
aquela rã
que esta manhã ouvi coaxar.
Que graça que tinha
aquela andorinha
que ontem à tarde vi passar!...
 
E quando tu depois vens definir
o que são conjunções
e preposições...
quando me fazes repetir
que os corações
têm duas aurículas e dois ventrículos
e tantas
tanta mais definições...
o meu coração
o meu coração que não sei como é feito
nem quero saber
cresce
cresce dentro do peito
a querer saltar cá para fora
professor
a ver se tu assim compreenderias
e me farias
mais belos os dias.
 
 
Alice Pereira Gomes, escritora portuguesa, nascida em 1910, em Granjinha (Tabuaço), fez os seus estudos secundários e universitários no Porto, onde também foi professora do Instituto Normal Primário. Pedagoga, estreou-se nas letras pelo final dos anos vinte, tendo organizado, em 1955, a antologia Poesia para a Infância. Traduziu o Principezinho de Saint-Exupery e dedicou-se, depois de 1967, exclusivamente à literatura infantil. Fundadora e dinamizadora da Associação Portuguesa para a Educação pela Arte, desenvolveu, através dessa Associação, diversos projetos pedagógicos justamente considerados pioneiros. Faleceu em 1983.