Ideias

Ideias

sábado, 31 de maio de 2014

Espigas d'Ascensão!



Espigas d'Ascensão!
Olha ao redor, meu amor,
Vê esta paz e harmonia
Só se mexem as espigas
E o sol nos faz companhia.

Dou-te este ramo de espigas
Com papoilas no seu seio
Tu és a papoila aberta
Eu a espiga do meio.

Com este ramo de espigas
Lembraremos nosso pão
Não há melhor que te diga
Que é teu o meu coração.

Ai, meu amor, meu amor
Ai, meu amor, já te disse:
Não há como tu papoila
Que ser humano já visse!

© Acácio Costa
Pintura: AD
 

terça-feira, 27 de maio de 2014

O Tejo



Da minha janela
Foto da minha autoria

O Tejo 

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia.
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia.
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior que o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

Alberto Caeiro, um dos heterônimos de

Fernando Pessoa
(1888-1935)



O elo de ligação entre as duas margens
Foto da minha autoria





 

Arte em papel: Doilies = cupcake wrappers




Arte em papel: Doilies = cupcake wrappers




Já entrou na onda dos cupcakes? Que tal um "cupcake wrapper" diferente e econômico na sua festa? Com um pacote de 24 "doilies," as toalhas rendadas de papel, você faz 48 wrappers com menos de 5 reais... 

A execução é simples, para formas de cupcake nr. 0: use toalhinhas de papel (doilies) de 19 cm. Basta cortar a toalhinha ao meio, retirar o miolo e usar a borda, colando-a internamente com fita adesiva. Pronto!



 

Arte em papel: Doilies = leques de festa

Arte em papel: Doilies = leques de festa
 Decoração feita com papel colorset, toalhas rendadas de papel (doilies) e forminhas de cupcakes. Dobrei em formato de leque metade de um papel colorset (cerca de 25 x 60 cm - este papel segura bem as dobras), prendi uma extremidade com fita crepe e cobri com uma toalha rendada de papel e cola quente do outro lado. Por cima colei a forminha de cupcake e ficou pronta a decoração da festa.



sábado, 24 de maio de 2014

Da minha janela

Da minha janela

Da minha janela
Eu vejo o mar,
Errante, a ir
Foto: Da minha janela

Da minha janela
Eu vejo o mar,
Errante, a ir
Para depois
Poder voltar;
Da minha janela
Eu vejo o ar,
Numa nuvem,
Que por lá anda,
Sem pressas,
Como se andasse,
Sozinha, por lá
A andar por andar;
Da minha janela
Eu vejo o vento,
Numa folha,
Que caiu,
Desamparada,
Mas que, entretanto
Navega, na tua brisa
Que está a passar;
Da minha janela,
Eu vejo o que vejo,
Vejo tudo, vejo nada
Vejo só, vejo apenas
Aquilo que consigo,
Longe ou perto,
Avistar
Ou alcançar;
Da minha janela,
Eu vejo mesmo sem ver,
Por que vejo o que vejo
E ainda o que sou capaz
De imaginar ou sonhar;
Da minha janela,
Eu vejo a vida,
Rica, de uma riqueza
Única, sem par
Mas só se a consigo
Ter por perto,
Quando me ponho
Sozinho, a imaginar;
Da minha janela
Eu vejo o mundo,
Um mundo sem fundo,
Até onde sou capaz
De o imaginar ou sonhar.

MA, "SobreViver", 2013, pp. 52/3.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=532975903421916&set=a.175549152497928.49676.100001285343098&type=3&theater
Para depois
Poder voltar;
Da minha janela
Eu vejo o ar,
Numa nuvem,
Que por lá anda,
Sem pressas,
Como se andasse,
Sozinha, por lá
A andar por andar;
Da minha janela
Eu vejo o vento,
Numa folha,
Que caiu,
Desamparada,
Mas que, entretanto
Navega, na tua brisa
Que está a passar;
Da minha janela,
Eu vejo o que vejo,
Vejo tudo, vejo nada
Vejo só, vejo apenas
Aquilo que consigo,
Longe ou perto,
Avistar
Ou alcançar;
Da minha janela,
Eu vejo mesmo sem ver,
Por que vejo o que vejo
E ainda o que sou capaz
De imaginar ou sonhar;
Da minha janela,
Eu vejo a vida,
Rica, de uma riqueza
Única, sem par
Mas só se a consigo
Ter por perto,
Quando me ponho
Sozinho, a imaginar;
Da minha janela
Eu vejo o mundo,
Um mundo sem fundo,
Até onde sou capaz
De o imaginar ou sonhar.

MA, "SobreViver", 2013, pp. 52/3.
 

A amizade o que é?

A amizade, o que é?

 A amizade o que é?


Aristóteles (que tem o livro da Ética a Nicómaco na mão) e Platão representados numa pintura da autoria de Rafael (século XVI), intitulada "a escola de Atenas".

“Analisemos agora a amizade. De facto, trata-se de uma certa excelência, ou algo de estreitamente ligado à excelência; além disso, é do que mais necessário há para a vida. Pois ninguém há-de querer viver sem amigos, mesmo tendo em conta os restantes bens. E até os ricos, os que têm posição e poder, têm uma necessidade extrema de amigos (…)

Contudo, uma amizade que tem como fim em vista o que cada um é em si próprio existe apenas entre homens de bem, porque os ordinários não podem sentir prazer nenhum uns com os outros, a não ser que possam obter uma qualquer vantagem. E só a amizade entre os bons é capaz de resistir à calúnia. Na verdade, não é fácil acreditar no que se diz sobre um amigo que foi posto à prova por nós próprios durante longo tempo. Na amizade entre boas pessoas há confiança mútua (…)



Agora, parece que não é possível ser-se amigo de muitas pessoas, pelo menos no sentido pleno da amizade, do mesmo modo que não é possível amar ao mesmo tempo muitas pessoas (tal parece que, na verdade seria excessivo; e o amor costuma nascer naturalmente em relação a uma única pessoa), porque não é possível agradar de modo totalmente satisfatório a muitos ao mesmo tempo, nem eventualmente até para as pessoas de bem. Por outro lado, para se criar uma amizade tem de se ter experiência conjunta de dificuldades e ganhar confiança mútua, o que é muito difícil (…).”
Aristóteles, Ética a Nicómaco, tradução do grego de António C. Caeiro,Quetzal Editores, Lisboa, 2004, pp. 180, 185 e 188.


As características referidas por Aristóteles (384-322 a.C.) continuarão a fazer parte daquilo que chamamos amizade?

Haverá outras?

O desenvolvimento tecnológico e a consequente facilidade de comunicação (entre outros aspectos da vida actual, nomeadamente a igualdade de direitos entre homens e mulheres) terão transformado de tal modo as relações entre as pessoas que a amizade já não é o que era na época de Aristóteles?

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Formação 2014

 
 
Recordar é viver
 
 Último dia da formação 2014 

 
 Buscar e aprender, na realidade, não são mais do que recordar
Platão
 
 
 
 
 


Educar




Educar

Educar, como tantos acreditam, não é ministrar conteúdos. É, antes de tudo, despertar aptidões naturais nas pessoas e orientá-las, aprimorando-lhes as faculdades, físicas e morais..

A palavra educar, presente em português e em castelhano, é registrada no séc. XVII. Aparece em francês no séc. XIV, como éduquer. Do latim educare, forma derivada de educere, contém a idéia de conduzir.
 

Educar significa o meio em que os hábitos, costumes e valores de uma comunidade são transferidos de uma geração para a geração seguinte.

A educação vai se formando através de situações presenciadas e experiências vividas por cada indivíduo ao longo da sua vida.

O conceito de educação engloba o nível de cortesia, delicadeza e civilidade demonstrada por um indivíduo e a sua capacidade de socialização.






terça-feira, 20 de maio de 2014

Dedicatória - Tudo vale a pena se...


Tudo vale a pena se a alma não é pequena.
 

 Antes de tudo, fiz uma pesquisa para descobrir o significado de “valer a pena”. Encontrei significados que beiravam o senso comum, como pena com o significado de “sofrimento”, o que quer dizer que valeu o sofrimento. Ou ainda como “pena” sendo caneta, e a expressão significaria algo que valha ser escrito, e por isso também ser relembrado e recontado.



 Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa, in Mensagem


A famosa citação faz todo sentido, afinal é comum depararmos com dificuldades diárias para realizar os nossos objetivos, nesses momentos de reflexão questionamos se realmente vale a pena realizar esse esforço para chegar onde queremos.

A resposta foi dada por Fernando Pessoa, se para alcançarmos o desejado é preciso vencer barreiras, sim vale a pena. Esses casos são aqueles em que quando se chega a tão sonhada vitória, o vencedor tem a certeza de que passaria por tudo de novo para chegar onde está, por mais complexo que tenha sido os obstáculos.



Dedico este post ao Formador Professor João Paulo Proença, que foi incansável, ao Centro de Formação  ALMADAFORMA e a todas as colegas que com certeza como eu deram tudo para chegar ao final e principalmente as que queriam desistir pois elas foram as grandes vencedoras nesta formação, que deu origem a este meu novo blogue.

Até breve!


domingo, 18 de maio de 2014

Music for reading - Chopin, Beethoven, Mozart, Bach, Debussy, Lizst, Sch...




Para música de fundo na biblioteca, ou simplesmente para acompanhar
os momentos de leitura em casa.

Arco-Íris de Sabores Videoclip Oficial - Nutri Ventures



 Sobre a Nutri Ventures: acho este site muito interessante e por isso aconselho que as crianças (e adultos) passem algum tempo a explorá-lo e assim aprender mais sobre uma alimentação saudável de um modo divertido.
A Nutri Ventures é a primeira marca de entretenimento infantil no mundo a promover a Alimentação Saudável. Numa altura em que a obesidade infantil é considerada pela Organização Mundial de Saúde a pandemia do século XXI, a Nutri Ventures, dirigida a crianças dos 5 aos 10 anos de idade, aparece como uma resposta divertida e eficaz à temática da alimentação saudável infantil.
O nosso objectivo é criar, através do entretenimento, um ambiente positivo em torno do tema da alimentação saudável, levando a que as crianças associem bons sentimentos a comida saudável e criando uma oportunidade única para os pais influenciarem a alimentação dos filhos.
Mas, mais que uma animação, somos um movimento e uma causa!
Por isso, em cada país a Nutri Ventures faz parcerias com instituições cuja missão está alinhada com a nossa. É o caso dos Ministérios da Educação, da Saúde, instituições não-governamentais que fomentem a causa da Alimentação Saudável, distribuidores de produtos alimentares e produtores. Desta forma, trabalhamos para que o poder de aderência da mensagem de cada um destes parceiros seja amplificado, através da nossa história e personagens.
Só com a participação de todos poderemos vencer a pandemia do século XXI e criar um futuro mais saudável para as nossas crianças! (Recomendações da página)

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Book trailer: "De onde vêm as boas ideias"






Naquela sessão de ter de fazer um blogue... Tema, nome, muitas informações, fazer isto e fazer aquilo... Ai, ai, ai, preciso de um nome para o meu blogue... Eis que surge... Ideias simples e livres... A princípio pareceu-me falta de ideia, mas vendo bem, deixei ficar, há-de ganhar forma, as ideias vão surgir, afinal com este nome pode ser a meu ver um blogue com um pouco de tudo, isso mesmo um pouco de tudo...

No campo das minhas ideias as combinações e recombinações vão entrelaçando e surge sempre um novo tema para o post seguinte.

Encontrei uma sugestão que vou tentar seguir: cultive a intuição, passeie, tenha um hobby, anote tudo, acredite na serendipidade*, cometa erros, frequente redes fluidas, siga links, seja uma plataforma, deixando que os outros construam sobre as suas ideias, e construa sobre as ideias dos outros, exalte, recicle e reinvente.

*Serendipidade - (característica de quem faz boas descobertas por acaso ou atrai o acontecimento de coisas favoráveis) serendipidade In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-05-15]. Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/serendipidade>.



A MENINA QUE ODIAVA LIVROS




A menina que detestava livros – Manjusha Pawagi


A menina que detestava livros


Era uma vez uma menina chamada Mina. Se, num livro, procurassem o significado do seu nome, descobririam que significa «peixe» em antigo sânscrito. Mas Mina não sabia, porque nunca procurava o significado de nada em lado nenhum. Mina detestava ler e detestava livros.

— Estão sempre no meio do caminho — dizia ela. E era verdade, porque em sua casa havia livros por todo o lado. Não apenas nas prateleiras e nas mesinhas-de-cabeceira, onde normalmente há livros, mas em todos os lugares onde geralmente não há livros.
Havia livros dentro de cristaleiras, de cómodas e de roupeiros, em guarda-fatos e em armários e dentro de arcas. Havia livros em cima do sofá e livros nas escadas, livros a abarrotar dentro da lareira e empilhados em cima de cadeiras.

E o pior de tudo era que os pais de Mina estavam sempre a trazer MAIS livros para casa. Passavam a vida a comprar livros, a trazer livros da biblioteca e a encomendar livros através de catálogo. Liam ao pequeno-almoço, ao almoço e ao jantar. Mas quando perguntavam à Mina se ela queria ler, ela fazia uma birra e gritava: Eu detesto livros! E quando em voz alta tentavam ler-lhe uma história, ela tapava os ouvidos com as mãos e gritava ainda mais alto — EU DETESTO LIVROS!

Havia provavelmente um só ser no mundo que, ainda mais do que Mina, detestava livros. Era o seu gato, Max. Há muito tempo, quando ele era ainda gatinho, caiu-lhe um atlas em cima da cauda. Ficou com a cauda dobrada como um limpa-cachimbos. Desde então, procurava sempre ficar em cima dos livros em vez de ficar debaixo deles.

Uma manhã, depois ter tirado todos os livros do lavatório para lavar os dentes, Mina foi à cozinha preparar o pequeno-almoço para si e para o Max. Primeiro, subiu para cima de uma pilha de volumes de uma enciclopédia, para conseguir chegar aos cereais. Depois, abriu o frigorífico e afastou um monte de revistas para retirar o leite. Deitou um pouco de leite para si e um pouco para o Max.
— Max! — chamou ela. — O pequeno-almoço está pronto!
Mas o Max não aparecia. Tentou novamente.
— Max! — chamou ela. — O pequeno-almoço está pronto! — E ele continuava sem aparecer.
— Onde poderá ele estar? — pensou a Mina. Procurou na banheira e atrás do secador da roupa. Procurou debaixo das escadas e em cima do relógio. Encontrou mais livros, mas não encontrou o Max.

Subitamente, ouviu um grande — Miaaaaaaauu! Correu para a sala de jantar, e lá estava ele, no cimo da pilha de livros mais alta da casa, sem conseguir descer. Esta pilha era formada por todos os livros que os pais estavam sempre a comprar-lhe e que ela sempre se recusava a ler. No fundo da pilha estavam grandes livros ilustrados, como novos, do tempo em que Mina era bebé. No meio, havia livros com o alfabeto e canções de embalar. Em cima, mesmo ao nível do tecto, havia contos de fadas e histórias de aventuras. Os livros estavam todos cobertos de pó.

— Não te preocupes, Max — gritou-lhe Mina.
— Eu vou salvar-te! — E começou a trepar pela pilha de livros acima. De início, foi fácil, porque os livros ilustrados tinham capas duras, e era como se estivesse a subir umas escadas. Mas quando Mina chegou aos livros de capa mole, falhou-lhe o pé num livro de poemas, perdeu o equilíbrio e começou a escorregar.

CATRAPUM! Os livros foram pelos ares. Caíram por todos os lados, as lombadas abriram-se pela primeira vez, e as páginas separaram-se. À medida que os livros iam caindo, iam acontecendo coisas estranhas. Pessoas e animais começaram a cair das páginas e a rebolar pelo chão. Caíam uns em cima dos outros, espalhando os livros e fazendo tombar as cadeiras.

Havia príncipes e princesas, fadas e rãs. E, depois, um lobo e três porquinhos e um troll traquinas em cima de um tronco. O Humpty Dumpty foi pelos ares e depois partiu-se ao meio, por detrás da Mãe-Pata e de uma girafa roxa. Havia elefantes, imperadores, avestruzes e duendes, e uma variedade de macacos, todos emaranhados uns nos outros.

Mas acima de tudo havia coelhos, por todos os lados. Coelhos selvagens, coelhinhos brancos e coelhos de chapéu.

Mina sentou-se no meio daquilo tudo, demasiado surpreendida para se mexer. — Eu pensava que os livros estavam cheios de palavras, não de coelhos! — disse ela, quando caíram mais seis coelhos aos trambolhões de um livro ao seu lado.

Agora, ela já não reconhecia a sala de jantar. O elefante estava equilibrado, em cima de uma mesa de café, a fazer malabarismos com os pratos do melhor serviço. Os macacos tinham arrancado as cortinas e feito delas capas. E os coelhos mordiscavam as pernas da mesa.

— Parem! — gritou Mina. — Voltem para os vossos livros! — Mas havia tantos latidos e grunhidos e passos pesados, que ninguém a ouviu falar. Mina pegou no coelho que estava mais perto dela e tentou metê-lo dentro de um livro de cozinha, mas ele assustou-se tanto, que se contorceu, escapou-se-lhe das mãos e fugiu. Ela abriu outro livro, de onde saíram quatro patos a voar. Voltou a fechá-lo. — Isto não vai resultar — disse Mina. — Não sei a que livro pertence cada um deles. — Pensou por um minuto. — Já sei — disse ela. — Vou perguntar a todos onde pertencem.




Começou por uma criatura estranha que não reconhecia de todo. — Quem és tu? — perguntou ela. — A é de Aardvark! — disse o animal, zangado, e afastou-se à procura do livro do Alfabeto.

Ela encontrou um lobo a chorar debaixo da mesa da sala de jantar e perguntou-lhe onde é que ele pertencia. — Não me recordo se sou do Capuchinho Vermelho ou dos Três Porquinhos! — disse ele a chorar e assoou-se à toalha da mesa. Mas Mina não podia ajudá-lo, porque nunca lera nenhuma das histórias.

Então teve outra ideia. Agarrou no livro que estava mais perto de si e começou a ler em voz alta. — Era uma vez — começou Mina. — Numa terra muito, muito distante…

Devagar, os animais pararam de saltar e de uivar e de falar depressa e de conversar. Aproximaram-se dela para ver o que ia acontecer. Passado pouco tempo, estavam todos sentados em círculo à sua volta, a ouvi-la ler.

Quando Mina chegou ao cimo da segunda página, os porcos que estavam no círculo levantaram-se de um pulo. — Somos nós! — gritaram eles — E a nossa página! Esse é o nosso livro! — Saltaram do círculo, pularam para o colo de Mina e desapareceram dentro dele. Mina fechou-o, antes que eles pudessem pular outra vez cá para fora.

Pegou noutro livro de histórias. Um a um, começou a ler todos os seus livros. E, um a um, os animais encontraram o livro a que pertenciam.

Por fim, ficou na sala apenas um coelhinho vestido com um casaquinho azul. Mina agarrou no livro devagar. Era A História de Pedro Coelho (The Tale of Peter Rabbit, em inglês), — Talvez eu possa ficar com este coelho para mim — pensou ela. Estava a começar a sentir-se sozinha, agora que todos se tinham ido embora.

Mas o coelho ficou à frente de Mina, apoiando-se ora numa pata, ora noutra, nervoso, mexendo o nariz peludo. Estava ansioso por regressar a casa. Então, com um grande suspiro, Mina abriu o último livro. O coelho saltou lá para dentro, abanou a cauda e desapareceu.

A casa ficou em silêncio. O Max estava sentado em cima de uns livros, a lavar a cara. Mina suspirou: — Nunca mais vou voltar a ver aqueles coelhos! — disse ela.

Em seguida reparou que os livros ainda ali estavam, à sua volta. Começou a sorrir.

Quando os pais chegaram a casa nessa tarde, custou-lhes a acreditar no que estavam a ver. Não era por as cortinas terem desaparecido e por os pratos estarem partidos, e as pernas da mesa, roídas. Mas sim porque ali mesmo, no meio da sala, estava Mina. E estava a ler um livro.

Manjusha Pawagi
A Menina que Detestava Livros
Lisboa, Terramar, 2005

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Fernando Pessoa @ NYC (en)cantado por Ana Moura

.

E aqui vos deixo mais este vídeo para encantar alguns momentos do vosso dia.
Porque o poema é de Pessoa, porque é um fado e por muitas outras razões, espero que gostem.


De onde vem as boas ideias (dublado)




Quem nunca sonhou em ter uma ideia que pudesse mudar algo...

As boas ideias nascem num meio em que haja a probabilidade de existir um
grande número de  interligações  e novas formas de colaboração.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Contos

O VELHO, O RAPAZ E O BURRO
Um dia, iam pela estrada da aldeia um velho, o seu neto e um burro.
Diz o velho:
- Como és novinho salta para cima do burro porque eu estou habituado a longas caminhadas.
Uns camponeses, ao passarem por eles, ficaram de boca aberta e exclamaram:
- Um moço tão forte e repimpado em cima do burro, enquanto o avô que já é velhote vai a pé?! O mundo está às avessas.
Ao ouvir isto, o avô disse para o neto:
- Para não ouvirmos mais falatórios salta do burro abaixo e deixa-me ir montado nele.
E lá seguiram caminho. Pouco depois encontram outros camponeses, e estes, indignados, disseram:
- Ó velho, tu que estás habituado a andar a pé vais repimpado no burro, enquanto o coitado do teu neto vai a pé.
Então o avô disse para o neto:
- Olha, para não ouvirmos mais falatórios é melhor irmos ambos montados no burro!
Os dois seguiram caminho, montados no burro.
Nisto passou outro grupo de camponeses e reclamando disseram:
- Coitadinho do animal, é capaz de rebentar com aqueles dois montados nele.
- Olha meu neto, vamos descer os dois do burro para não ouvirmos mais críticas – disse o velho.
Seguiram o seu caminho e encontraram novamente camponeses indignados que lhes disseram:
- Ai o que eu estou a ver! Então não é que vai ali um pobre velho a arrastar-se e mais um rapaz que já deve estar bem cansado e o fidalgo do burro sem ninguém em cima dele! Isto é mesmo de doidos!
Então o velho parou e disse:
- Olha meu neto, como já vejo que não conseguimos acabar com os falatórios, vamos como estávamos ao princípio: volta para cima do burro, que eu vou muito bem a pé!!!
Moral da História:
Dar satisfações ao mundo,
Só os loucos as vão dar.
Se o mundo quer dizer mal,
Ninguém o pode calar.


Reconto elaborado a partir do conto "O Velho, o Rapaz e o Burro" retirado do livro "Os avós e os Netos"

O burro de Buridan

O burro de Buridan

O burro de Buridan

Era uma vez um filósofo chamado Buridan.
- Mas que vem a ser um filósofo? - perguntam vocês.
- É um homem cuja profissão é pensar.
Pensa, pensa e ensina os outros a pensar.
O nosso filósofo tinha um burro, que pensava pouco e carregava muito, como em geral acontece com os burros. Carregava cântaros de água da fonte, lenha para a lareira, sacos de farinha, livros e mais livros. Até carregava o dono que andava de terra em terra a dar lições a quem queria aprender a pensar.
Certo dia, nas suas andanças, chegaram a uma terra e procuraram uma hospedaria.
O burro como burro ficou no pátio, atado a uma árvore. Buridan como sábio, entrou na sala onde encontrou um jovem a chorar (…).
- Porque choras? – perguntou o filósofo.
- Quando cá estive a semana passada os teus olhos riam como dois sóis.
- Antes ria porque era feliz. Tencionava casar-me… Tinha-me apaixonado por uma rapariga tão bela, tão maravilhosa que julguei que no mundo não houvesse outra igual.
- Mas havia? – quis saber Buridan, já curioso.
- Apresentou-me a irmã gémea! É impossível distingui-las. Agora já não sei qual hei-de amar. O filósofo pôs-se a pensar a pensar. Não era essa a sua especialidade?
- Aí está um problema sem solução. Dizem que o homem é livre de fazer escolhas mas, diante de duas pessoas iguais como há-de decidir?
- Então estou condenado a ficar solteiro?
- Bem, tu ainda tens sorte porque um homem pode viver sem casar. Mas um caso de indecisão pode levar até à morte.
O filósofo Buridan image
A gente que entretanto se tinha reunido na estalagem ouvia atentamente aquelas palavras graves.
- Sim! Sim! – insistiu Buridan. – Vão ver a tragédia que vai acontecer ao meu burro.
Mandou buscar dois fardos de palha iguaizinhos.
Colocou o burro no meio do pátio com um fardo de cada lado, à mesma distância.
- Como ele não pode decidir entre dois objetos iguais vai hesitar, hesitar até morrer de fome.
As pessoas puseram-se a espreitar em silêncio.
(…) A estalajadeira pôs-se a esfregar as mãos de contentamento, tecendo planos em voz alta.
- Então com a pele dele vou fazer uma mala para guardar o enxoval. Transformo o rabo em vassoura. Com a carne vou cozinhar um banquete para os meus hóspedes e deito os ossos aos cães.
O burro até espetou as orelhas ao ouvir estas palavras.
Deu um par de coices no ar, não hesitou mais. Trotou até ao fardo da direita e comeu metade, trotou até ao fardo da esquerda e comeu outra metade.
Depois, feliz por se ver livre, para mais com a barriga cheia, largou a galope até uma encruzilhada de onde partiam duas estradas iguais.
Não perdeu tempo a decidir, meteu pelo campo.
Para que é que um burro precisa de estradas?
(…) o filósofo Buridan, agora sem montada, achou que o melhor era sentar-se a escrever para não cansar as pernas. E escreveu um livro que muitos leram em que falava dum burro imaginário que morreu por ser incapaz de decidir. Lê-lo, de certeza, nunca passou pela cabeça de qualquer burro com juízo.”
Luísa Ducla Soares com ilustrações de Eunice Rosado, O burro de Buridan, Civilização Editora, Lisboa 2010.

Para termos amigos...

Para termos amigos, temos de saber ser amigos





«Se fosse preciso provar que os seres humanos são essencialmente criaturas sociais , a existência da amizade fornecer-nos-ia tudo o que desejássemos. Como afirmou Aristóteles: “Ninguém escolheria viver sem amigos, mesmo que tivesse todos os outros bens”. (…)



Os amigos prestam auxílio, mas os benefícios da amizade vão muito além da assistência material. Sem amigos, estaríamos psicologicamente perdidos. Os nossos triunfos parecem vazios a menos que tenhamos amigos para os partilhar, e os nossos fracassos tornam-se suportáveis graças à sua compreensão. Até mesmo o nosso amor-próprio depende em grande medida das garantias dos amigos: ao retribuírem o nosso afeto, confirmam o nosso valor como seres humanos.

Se necessitamos de amigos, necessitamos igualmente das qualidades de carácter que nos capacitam para ser amigos. No topo da lista está a lealdade. Os amigos são pessoas com quem se pode contar. Apoiam-se mutuamente mesmo quando as coisas ficam feias, ou mesmo quando, falando objetivamente, o amigo merecia ser abandonado. Fazem concessões entre si; perdoam ofensas e refreiam juízos mais duros. Há limites, naturalmente. Por vezes, um amigo será a única pessoa capaz de nos dizer as verdades mais duras sobre nós mesmos. Mas as críticas são aceitáveis da parte de amigos porque sabemos que as sua repreensão não significa rejeição (…).

Todos precisam de amigos, e para termos amigos temos de saber ser amigos; por isso, todos precisamos de lealdade.»

James Rachels, Elementos de Filosofia Moral, Gradiva, Lisboa, 2004, pp 255-256, 260.

domingo, 11 de maio de 2014

Ler, livros e leitores

Algo sobre...
Ler, livros e leitores...


“Era uma vez….

Era uma vez uma língua… uma língua de sonhos, com contos, lendas e mitos de encantar.
Com estórias e história, herdada dos nossos pais e herança dos nossos filhos.



 O que é a Leitura:



A leitura é a ação de ler algo. É o hábito de ler. A palavra deriva do Latim "lectura", originalmente com o significado de "eleição, escolha, leitura". Também se designa por leitura a obra ou o texto que se lê.

A leitura é a forma como se interpreta um conjunto de informações (presentes em um livro, uma notícia de jornal, etc.) ou um determinado acontecimento. É uma interpretação pessoal.
O hábito de leitura é uma prática extremamente importante para desenvolver o raciocínio, o senso crítico e a capacidade de interpretação.
O prazer da leitura deve ser despertado logo na infância. Ler faz parte da formação cultural de cada indivíduo. A leitura estimula a imaginação, proporciona a descoberta de diferentes hábitos e culturas, amplia o conhecimento e enriquece o vocabulário.
Para quem deseja ler com maior rapidez e absorver o máximo de conteúdo, a leitura dinâmica é um método recomendado. As diferentes técnicas de leitura incluem a leitura em blocos, ampliando o ângulo de visão, e não palavra por palavra.
No meio tecnológico, a leitura é o processo de descodificação de dados armazenados em um suporte, por exemplo, a leitura dos dados de um CD através do computador.
O registo das informações feitas por um instrumento de medida são também designadas por leitura, por exemplo, a leitura da água ou da luz.

"O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive." 
 Padre António Vieira

Um pouco de jardinagem



Dicas para cuidar de orquídeas...




Existem diferentes espécies de orquídeas e tipos de orquídeas mas podemos dizer que em sua maior parte na natureza estas flores vivem em ambientes de pouca luz, apoiadas em árvores e escondidas do sol por galhos e folhas. Outra característica do ambiente ideal para orquídeas é a humidade, esta flor é mais presente nos trópicos e retira boa parte da água que precisa diretamente do ar.

É essencial levar em conta que atualmente existem cerca de 35 mil espécies de orquídeas no mundo, então cada caso pode pedir cuidados diferenciados. Algumas  orquídeas, por exemplo possuem mais capacidade de reter a água em sua raiz do que outras. Portanto, a chave do sucesso é ficar atento às condições climáticas e ver o quanto de água a sua planta necessita por dia, não deixando nunca o seu substrato completamente seco.

Luminosidade correta para orquídeas


As orquídeas gostam de lugares amenos, protegidas da luz direta do sol. Portanto, deixe suas orquídeas em lugares mais frescos, que tenham luminosidade, mas não contato direto com o sol caso contrário elas ficarão desidratadas.  Essas plantas costumam gostar dos primeiros raios da manhã, portanto, se você quiser que elas peguem sol, lembre-se de fazer isso logo cedo.


Se perceber que as folhas da orquídea estão a ficar amarelas é sinal de que a orquídea está a receber muita luz, neste caso mude a planta de local. Se a luz é proveniente de uma janela é importante que tenha um sistema de sombreamento, algo que pode ser obtido com uma cortina transparente.

Ao ver as flores das orquídeas cair não se assuste: as orquídeas passam por um processo chamado chamado “repouso”, onde as suas flores caem e a planta entra em um período de “dormência”. Esse é o momento em que a orquídea passa alguns meses descansando e recuperando suas energias, para que logo possa florescer novamente.
Nesse período, não tente estimular a planta com adubos ou outros produtos químicos para que ela cresça rapidamente. Respeite esse tempo, lembre-se que orquídeas são plantas cujo crescimento é lento.
A rega

No verão, as orquídeas devem ser regadas uma vez por semana, sendo benéfico borrifar as flores, nos dias mais quentes. No inverno, deverá regar apenas quando o composto estiver a secar. Quando a planta se encontra a florir, a humidade deve estar sempre assegurada, mas nunca em excesso. Para que as orquídeas não fiquem com excesso de água, que pode apodrecer as raízes, é aconselhável optar por vasos com furos ou com pés altos, que permitem escorrer o excesso. A altura do dia ideal para regar as orquídeas é a manhã. Evite regá-las à noite, para que não fiquem molhadas por muito tempo.

A poda

As orquídeas devem ser podadas regularmente, para que se mantenham saudáveis. Para estimular o crescimento, assim que a flor tiver florido totalmente, deverá ser cortada acima do segundo ou terceiro nó, a contar do chão.
O transplante e a fertilização

Quando a orquídea fica demasiado ramificada ou com raízes grandes, é necessário trocá-la de vaso. A transplantação das orquídeas deve acontecer no início da primavera, para que estas se mantenham bonitas e saudáveis. No momento de a transplantar, é importante que assegure que a planta se mantém intacta, recorrendo a uma cana, que deverá ajudar a firmar as raízes. No caso das orquídeas phalaenopsis, a transplantação deve acontecer a cada dois anos.
A terra das orquídeas deve ser rica em nutrientes, necessitando de um solo devidamente fertilizado. Para tal, deverá utilizar fertilizantes orgânicos, próprios para orquídeas. Os intervalos das fertilizações não devem ser inferiores a três meses. Para ajudar à drenagem, será boa ideia adicionar cascas de carvalho moídas ou cascas de ovo e amendoim.

Como aprendiz estou muito contente, pois a minha orquídea depois de um ano sem dar flores, floriu em 2013 meados de Maio... e de novo em Fevereiro 2014, Abril 2014 uma nova haste de 5 flores que ainda estão a abrir acho que tenho cuidado bem dela e presenteou-me com estas lindas flores...


Não tente forçar. Deixe a vida fluir. Veja os milhões de botões de flores que Deus abre todos os dias sem fazer força alguma.
Osho